Dinossauro de 230 milhões de anos foi encontrado em Polêsine


  • 6/2/2014
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Uma equipe de paleontólogos brasileiros descobriu um dinossauro carnívoro em um afloramento de rochas sedimentares de datação Triássica, localizado no Município de São João do Polêsine,  a cerca de 1km de distância do trevo de acesso ao município.

A expedição de busca de fósseis é formada por pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria (Cappa/UFSM), Universidade Federal do Pampa (Unipampa), com a participação de pesquisadores da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) que atuam na região.

O dinossauro foi localizado pelos pesquisadores em rochas de um pequeno afloramento às margens da RST-149.

As constantes descobertas de fósseis nesta região levaram à organização e construção do Cappa, em São João do Polêsine. O laboratório pretende potencializar o desenvolvimento da paleontologia, do turismo científico, desenvolvimento regional, formação de recursos humanos em nível de graduação e pós-graduação na UFSM.

A Descoberta do Dinossauro


A descoberta do dinossauro foi feita pelo paleontólogo Sergio Furtado Cabreira, pesquisador da Ulbra. Os primeiros vestígios de ossos fossilizados, que sobressaiam na superfície da rocha de 230 milhões de anos, foram avistados na manhã do dia 30 de janeiro passado:

O paleontólogo da Ulbra acredita que as descobertas de diversos fósseis de dinossauros que tem acontecido durante os últimos anos em rochas Triássicas da região central do Estado do Rio Grande do Sul trazem a suspeita de que os dinossauros eram muito mais comuns do que acreditava a comunidade científica internacional

- Durante o período Triássico, os dinossauros eram animais de pequeno porte, e sua conservação e fossilização seria muito difícil. Mas, ao que parece, já existiria uma grande diversificação e dispersão deles por sobre o supercontinente Gondwana. Este dinossauro encontrado teria em torno de 1 metro de altura, uns 2 metros de comprimento e pesaria cerca de uns 20 kg - explicou.

O paleontólogo responsável pela coordenação do Cappa, Sérgio Dias da Silva, professor da UFSM, acredita que esta é uma descoberta muito importante para a ciência.

- Poucos terópodes foram achados nos últimos 100 anos de pesquisas no Triássico do Brasil. Desde a descoberta de Staurikosaurus pricei na cidade de Santa Maria, durante a década de 1930 até hoje, apenas um punhado de ossos, geralmente isolados e fragmentários, de dinossauros carnívoros, foram encontrados. Assim, além do fêmur com características diagnósticas de dinossauro terópode, esta descoberta inclui também um crânio quase completo (ainda incluso na rocha). O material seguramente poderá trazer importantes informações sobre a origem e evolução dos primeiros dinossauros carnívoros que viveram sobre a terra - destacou o coordenador do Cappa.

Para Sérgio Dias, este dinossauro encontrado indica um início promissor para o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica, e atesta, mais uma vez, que os fósseis são abundantes nas rochas da região.

- Em pouco tempo de atividades oficiais, o acervo fossilífero do Cappa já tem dois tipos diferentes de dinossauros e diversos outros materiais coletados - finaliza.

Dinossauro foi apresentado à Imprensa na manhã desta quinta-feira (6)

A equipe de paleontólogos e alunos encontrou dificuldades devido ao calor intenso deste verão, e também pela dureza das rochas sedimentares triássicas da região central do Rio Grande do Sul.

Sob o escaldante sol deste verão as temperaturas no substrato rochas podem chegar  aos 45º graus centígrados, e as ferramentas se quebram continuamente na tentativa de penetrar e cortar os sedimentos.

O dinossauro será coletado junto com um bloco quadrangular de rocha de aproximadamente 1.2 m2, e deve ter quase uma tonelada de peso, requerendo a utilização de uma máquina pesada para a sua retirada final.

O dinossauro foi apresentado nesta quinta-feira pela manhã para a imprensa da região. Na oportunidade, estiveram presentes os secretários Municipais Selvio João Dotto (Agricultura, Indústria e Comércio), e Maria Claci Bortolotto (Educação, Cultura, Desporto e Turismo), além do prefeito em exercício Ailton Bitencourt, que elogiou o trabalho realizado pelos pesquisadores e também a prefeita Valserina, grande incentivadora do Cappa no município.

A partir da descoberta e da sua retirada, que deve ocorrer nos próximos dias, o bloco deverá ser levado para o laboratório do Cappa, em São João do Polêsine, onde o material será preparado e estudado, podendo levar alguns anos para a sua total realização.

O grupo liderado pelo paleontólogo Sérgio Dias da Silva conta, ainda, com a colaboração dos paleontólogos da Ulbra: Dr. Sergio Furtado Cabreira, autor da descoberta, e do mestre e doutorando Lúcio Roberto da Silva.

Também Compõe a equipe um grupo de jovens biólogos e alunos da Unipampa e da UFSM: Cristian Pacheco, mestrando em Ciências biológicas da Unipampa, 25 anos; Anderson de Oliveira Rangel, aluno de Ciências Biológicas da Unipampa, 31 anos; Eduardo Silva Neves, biólogo, UFSM, 23 anos; Gianfrancis Ugalde, aluno de Ciências Biológicas da Unipampa, 23 anos.